segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Futuro da oftalmologia é o "olho biônico", diz professor

O Brasil tem 16 mil oftalmologistas e em matéria de tecnologia nessa especialidade só perde para o Canadá e os Estados Unidos, de acordo com o presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), Marco Antônio Rey Faria. Segundo ele, que é professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em Natal, nos últimos 18 anos a qualidade da oftalmologia e dos profissionais brasileiros melhorou muito, embora a situação da rede pública de saúde tenha piorado.

Com as novas drogas e técnicas cirúrgicas é possível controlar não apenas o glaucoma, como outras doenças graves que podem provocar a cegueira, entre as quais a retinopatia diabética, a degeneração macular e a catarata, “cuja cirurgia por meio de ultrassom é padrão ouro, atualmente”.

Em entrevista pelo Dia Mundial da Visão, comemorado hoje (11), o presidente do CBO prevê que a grande novidade será o olho biônico, que poderá devolver a visão a quem perdeu totalmente a capacidade de enxergar. Ele acredita que a tecnologia se tornará rotineira “no máximo em 20 anos”, de acordo com o avanço das pesquisas feitas atualmente.

O olho biônico utiliza uma câmera de vídeo para enviar ao cérebro as imagens captadas por eletrodos que o paciente pode ter instalados até na língua. Uma experiência recente, realizada na Austrália, comprova a afirmação do Dr. Rey de Faria.

O Bionic Vision Australia (BVA), consórcio financiado pelo governo, implantou o "protótipo preliminar" de um olho robótico em uma mulher com perda hereditária da visão provocada por retinite pigmentosa degenerativa, um tipo de degeneração da retina que leva à perda da visão e não tem cura.

Descrito como um "olho pré-biônico", o minúsculo aparelho com 24 eletrodos foi colocado sobre a retina de Dianne Ashworth e enviou impulsos elétricos para estimular as células nervosas de seus olhos. Ela descreveu a assim a experiência: “Eu não sabia o que esperar, mas de repente consegui ver um pequeno clarão. A cada estímulo, surgia uma forma diferente diante dos meus olhos".

Penny Allen, o cirurgião que implantou o aparelho, descreveu-o como o primeiro do mundo. O dispositivo de Ashworth só funciona quando está conectado dentro do laboratório e o presidente do BVA, David Penington, disse que seria usado para explorar como as imagens são "construídas" pelo cérebro e pelo olho.


UOL

domingo, 28 de outubro de 2012

Pesquisa: sem óculos, crianças podem ir mal na escola


O baixo rendimento de crianças nas escolas pode estar relacionado a problemas na visão. Uma pesquisa, no interior paulista, apontou que metade dos alunos com mau desempenho escolar precisava usar óculos.

sábado, 27 de outubro de 2012

Homens e mulheres enxergam de maneiras diferentes, diz estudo


Se você chega em casa recém-saída do cabeleireiro, com um tom de tintura vermelha que nunca antes havia se atrevido a usar, e seu marido a recebe com um "que lindos esses seus novos brincos", em referência a um presente de uma prima que você quase deixou de lado, pense duas vezes antes de se irritar e gritar com ele.

Não se trata -neste caso ao menos- de falta de interesse, atenção e muito menos de carinho.

De acordo com um estudo conduzido por pesquisadores dos Estados Unidos, os olhos dos homens são mais sensíveis aos pequenos detalhes e aos objetos que se movem em grande velocidade, enquanto as mulheres distinguem cores com mais facilidade.

Isaac Abramov, professor de psicologia do Brooklyn College, foi o responsável por dois estudos paralelos para determinar essas diferenças.

Em um deles, apresentou aos participantes uma amostra de uma cor específica e pediu a eles que a descrevessem empregando uma série de termos pré-determinados.

Desta forma, o psicólogo e sua equipe descobriram que homens e mulheres descreviam a mesma cor diante de seus olhos usando termos diferentes.

"Ambos veem o azul como azul, mas que porcentagem de vermelho veem na cor difere se o indivíduo é homem ou mulher", disse Abramov.

Assim se explica por que as mulheres são melhores quando se trata de combinar cores ou de buscar tons semelhantes entre si.

Um ponto no horizonte

O outro estudo conduzido pela mesma equipe se concentrou em como cada sexo percebe os detalhes e as imagens em movimento.

Os homens detectam os detalhes, por mínimos que seja, com mais facilidade.

"Por exemplo, se um avião ingressa em nosso campo visual, como um ponto ínfimo no horizonte, o homem o notará antes da mulher", diz o cientista.

"Ou se uma pessoa tem tendência a tornar-se míope com o tempo, se for homem, levará mais tempo até que tenha que usar óculos", acrescenta.

Diferenças

As hipóteses para explicar as razões por trás dessas diferenças são várias e dão início a uma série de debates, diz Abramov.

"Uma explicação possível é que no cérebro se encontram receptores do hormônio masculino, testosterona, e a maior concentração desse hormônio está na parte superior do cérebro -o córtex cerebral- que é a principal zona visual", destaca.

"Por que essa região do cérebro é tão sensível à testosterona também é uma questão de especulação", acrescenta.

Evolução

Outra teoria está relacionada com a evolução.

Os homens, em seu papel de caçadores, evoluíram suas capacidades que o permitiam avistar à distância uma presa ou um animal que pudesse representar uma ameaça com maior precisão, enquanto as mulheres aperfeiçoaram suas capacidades para melhorar seu desempenho como coletoras.

Abramov deixa claro que todas essas diferenças são sutis e que afetam a visão em seu nível mais primário.

Sem dúvida, por ser uma diferença biológica, não é possível treinar o olho para "melhorar" no que faz pior.

Além disso, isto não afeta a percepção -ao menos no que se sabe até o momento- já que esta se alimenta de muitos outros fatores, como a educação, a memória e os interesses.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Remédio Avastin pode causar cegueira

A Agência Europeia do Medicamento (EMEA) reviu as indicações para o medicamento Avastin (bevacizumab) e incluiu pela primeira vez, entre as reações adversas reportadas, vários graus de perda de visão, incluindo cegueira permanente. O produto foi suspeito de ter causado cegueira, total ou parcial, de seis doentes do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, em julho de 2009, que aceitaram indenizações pelos danos sofridos.

Na atualização do resumo das características do medicamento, lê-se que o Avastin tem indicação para o tratamento de vários tipos de câncer. Apesar de não ter indicação terapêutica (uso ‘off label’) para fins oftalmológicos, os médicos utilizam o Avastin devido à sua eficácia no tratamento da degeneração macular relacionada à idade e da retinopatia causada pela diabetes.

Florindo Esperancinha, um dos oftalmologistas que tratam os doentes com Avastin, explicou que não hesitará em utilizar o remédio em situações em que não prejudique o doente. O especialista salienta que o uso do medicamento é feito "sempre com autorização da comissão de farmácia". Todos os anos são administradas em Portugal dezenas de milhares de injeções de Avastin.
A Autoridade Nacional do Medicamento afirma que a utilização ‘off label’ de um medicamento é da responsabilidade do médico e das comissões de farmácia hospitalares.

O Avastin tem indicação para o tratamento de doenças oncológicas, porque, juntamente com a quimioterapia, consegue combater os tumores.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Córnea artificial devolve capacidade de enxergar a deficientes visuais

Cientistas do Instituto Fraunhofer, na Alemanha, desenvolveram uma córnea artificial capaz de devolver a visão a deficientes visuais.

O dispositivo pode, no futuro, auxiliar pessoas que perderam a visão devido a danos na córnea causados por lesões ou doenças.

A cegueira é frequentemente causada por doenças da córnea. O tratamento estabelecido é um transplante, mas em muitos casos isso não é possível em função da escassez de doadores.

Visando melhorar a qualidade de vida dos deficientes, o pesquisador Joachim Storsberg e seus colegas desenvolveram uma córnea artificial. Agora, em colaboração com o Aachen Centre of Technology Transfer, eles estão aprimorando a tecnologia para uso em humanos.

"Estamos no processo de desenvolvimento de dois tipos diferentes de córneas artificiais. Um deles, por exemplo, pode ser utilizado como uma alternativa a uma córnea doada nos casos em que o paciente não toleraria um transplante e na escassez de doadores. Um grande número de pacientes que sofrem de uma variedade de condições poderão se beneficiar do nosso novo implante, que recebeu o nome de ArtCornea ®", afirma Storsberg.

ArtCornea ® e TexKpro

Os implantes se baseiam em um polímero com elevadas propriedade de absorção de água. Storsberg e sua equipe adicionou um novo revestimento na superfície para garantir a fixação nos tecidos do hospedeiro e a funcionalidade óptica.

A borda externa dos implantes foi quimicamente alterada para encorajar o crescimento celular local. Estas células se unem ao tecido circundante humano, o que é essencial para a ficação do dispositivo no tecido hospedeiro.

Os investigadores aumentaram a área de superfície óptica do implante, a fim de melhorar a penetração de luz para além do que anteriormente tinha sido possível. "Uma vez que ArtCornea ® está no lugar, ele é pouco visível. Também é fácil de implantar e não provoca uma resposta imune", observa Storsberg.

Os especialistas também conseguiram produzir um material de base química, biologicamente inerte e compatível com o segundo tipo de córnea artificial, batizado de TexKpro.

Storsberg seletivamente alterou o material de base, o difluoreto de polivinilideno, através do revestimento do fluoreto sintético com uma molécula reativa. Isto permite que a córnea do paciente, naturalmente, se una com a extremidade do implante, enquanto a óptica interna do implante, feita de silicone, permanece livre de células. O segundo modelo de córnea é particularmente adequado como tratamento preliminar, por exemplo, se a córnea foi destruída como consequência de inflamação crônica, um grave acidente, corrosão ou queimaduras.

Os implantes foram testados pela primeira vez pelos médicos no laboratório depois in vivo em vários coelhos. Depois de um processo de seis meses de cura, as próteses implantadas foram aceitas pelos coelhos sem irritação, de forma clara e firmemente fixa no interior do olho. Testes realizados após a operação mostraram que os animais toleraram a córnea artificial.

A equipe agora planeja ensaios clínicos em breve em seres humanos em conjunto com a Eye Clinic Cologne-Merheim


Fonte: G1

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

USP cria app para ajudar cegos a andar pela cidade

Alunos do IME desenvolveram o Smart Audio City Guide, que ajuda deficientes visuais a se locomoverem pela cidade





São Paulo - Três alunos do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP desenvolveram o aplicativo para celulares Smart Audio City Guide, que ajuda deficientes visuais a se locomoverem pela cidade. O trabalho rendeu aos estudantes Renata Claro, Gabriel Reganati e Thiago Silva, do último ano em Bacharelado em Ciência da Computação, o terceiro lugar na Imagine Cup, um concurso de inovação promovido pela Microsoft.

O Smart Audio City Guide é um sistema que utiliza informações geolocalizadas e GPS, sendo alimentado por informações de qualquer usuário da rede, de maneira colaborativa. Qualquer um que possua o aplicativo pode enviar e receber informações sobre determinadas localidades, que são transmitidas na forma de áudio.

Por exemplo, pode-se enviar a informação “aqui há um orelhão” para o sistema, que registra a localidade. Na próxima vez que um usuário do aplicativo estiver passando pelo mesmo local, ele recebe a informação enviada anteriormente. O usuário também pode receber as informações ao tocar a tela do aparelho em qualquer ponto. Veja aqui um vídeo demonstrativo do aplicativo.

O projeto, que começou a ser desenvolvido em novembro de 2011, foi orientado pelo professor Marco Aurélio Gerosa, do IME, e também recebeu a colaboração do professor Artur Rozestraten, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), que alertou para a dificuldade de mobilidade urbana no grupo de deficientes visuais e sugeriu o desenvolvimento de sistemas móveis conjugando informações em áudio georeferenciadas.

Fonte: Exame



terça-feira, 23 de outubro de 2012

Cegos receberão conta de água em braile

Os consumidores cegos, no Estado de São Paulo, vão receber a conta de água em braile para que possam conferir sem ajuda de ninguém o valor da tarifa. Eles começaram a ser cadastrados esta semana pela Sabesp em 48 cidades da região de Itapetininga. Entre as cidades estão Avaré, Itapeva e Itararé. É a primeira etapa do programa. Nas seguintes, serão cadastrados todos os deficientes visuais dos 363 municípios onde a empresa administra o serviço de água e esgoto.

As primeiras contas em braile serão emitidas em dezembro. "Além de ser o titular da conta, o deficiente visual precisa comprovar cegueira total", explica Ariadne Janez, assessora de imprensa da Sabep na região de Itapetininga.

O cadastramento, que pode ser feito na Sabesp, pela internet ou pelo 0800-0550195, no interior e litoral, e 0800-0119911 na região da Grande São Paulo, não tem prazo para se encerrar.



Fonte: Uol

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

EUA testam células-tronco em seres humanos para tratar cegueira

Um total de 24 pacientes se inscreveram para se submeter aos primeiros testes clínicos para tratar dois tipos de cegueira com células-tronco, anunciou a companhia Advance Cell Technology (ACT) de Massachusetts.

A agência de medicamentos e alimentos dos Estados Unidos (FDA) deu luz verde há alguns meses para iniciar os testes clínicos que tratarão uma forma de cegueira juvenil conhecida como doença de Stargardt e a cegueira por degeneração macular relacionada com a idade (DME), uma das principais causas de cegueira em maiores de 50 anos.

Agora que os primeiros pacientes se inscreveram, os testes começarão "em um futuro muito próximo", disse um porta-voz da ACT.

"Estes testes marcam um passo significativo para um dos campos menos desenvolvidos e mais necessitados do nosso tempo, o tratamento de uma forma até agora incurável de cegueira e para as formas comuns de cegueira", disse o líder das pesquisas, Steven Schwartz, da Universidade da Califórnia.

As células-tronco embrionárias são células mestras do corpo, capazes de gerar todos os tecidos e órgãos. Seu uso é controvertido porque muitas pessoas se opõem à destruição de embriões.

Fonte: Diário de Pernambuco

domingo, 21 de outubro de 2012

Cão cego que nada e recolhe objetos na água ganha prêmio




Um labrador foi premiado na Grã-Bretanha por sua habilidades de nadar e buscar objetos embaixo d'água. Detalhe: o cão é cego e, mesmo assim, demonstra agilidade e atrai atenção por sua destreza.

Jack, que está sendo chamado de 'Michael Phelps de quatro patas', tem dez anos e ganhou o prêmio Pet Champion na categoria esportes aquáticos, deixando para trás centenas de outros cachorros de todo o país.

Margaret Simpson, dona do cão, disse que as 200 libras (cerca de R$ 650) recebidas serão usadas para suas despesas com veterinário, além de uma nova coleira e brinquedos.

O labrador ficou cego há três anos, mas isso não o impediu de aprender novas habilidades.

"Quando nós o trouxemos para casa ele estava perdendo a visão", conta Margaret. Ela diz que a família, natural de Coventry, logo se deu conta do talento de Jack e passou a estimulá-lo jogando objetos para que ele buscasse dentro d'água.

"Ele começou a entrar em lagos e canais usando somente seu faro, colocando sua cabeça embaixo d'água e trazendo grandes pedras de volta. Aí, passamos a atirar um brinquedo de borracha, que era melhor para seus dentes, e ele simplesmente mergulhava. Foi assim que percebemos como ele era talentoso".

Jack passou a sofrer de atrofia retinal progressiva, uma doença genética comum, quando tinha seis anos, e, em menos de um ano, já estava cego.

sábado, 20 de outubro de 2012

Cegos testam aparelhos que podem aposentar a bengala


Depois de ter perdido a visão num acidente de carro, o funcionário público Telésforo Nogueira teve que fazer curso de um ano para aprender a andar de bengala. "À medida em que eu bato a bengala de um lado, eu ponho o pé do outro", comenta Nogueira.

Nesta semana, pela primeira vez, em 29 anos, ele caminhou na rua, com as mãos livres da bengala. O funcionário público é um dos primeiros cegos a testar o aparelho, criado em um hospital filantrópico para deficientes visuais, em Belo Horizonte.

A ideia é simples, mas exigiu muita pesquisa. O equipamento é cheio de sensores. E, ao detectar um obstáculo, emite sons de alerta. O aparelho é preso ao corpo e ligado a uma bateria que cabe no bolso. Por enquanto, é só um protótipo testado em voluntários.

Um dos problemas revelados pelos testes é que o equipamento ainda não consegue identificar quando, diante do cego, há buracos ou degraus. "Eu não tenho confiança nele pra isso igual eu tenho na bengala", disse Nogueira.

"Vai haver um sensor pra isso, apontado pro chão", disse o médico oftalmologista, Leonardo César Gontijo, que participou do desenvolvimento do aparelho. Com uma outra voluntária, Vera de Abreu, que já nasceu com deficiência visual, o aparelho funciona muito bem, apitou para obstáculos como um poste e outra pessoa que entrou no caminho repentinamente. Em uma outra tentativa, a voluntária bate em um orelhão, mas o susto foi útil. Este acidente fez com que o médico-inventor pensasse em instalar sensores também na altura dos olhos. "Já quebrei um dente no orelhão", contou a voluntária.

O substituto de bengalas mineiro vai ser apresentado semana que vem no Congresso Brasileiro de Oftalmologia. O equipamento deve começar a ser vendido em um ano. "Eu imagino que deva custar o preço de um celular", disse o médico. E só quando o aparelho estiver mesmo nas ruas é que saberemos se as bengalas para cegos, um dia, vão ser coisa do passado.

"A bengala avisa, mas o aparelho avisa mais rápido", disse Vera.

Fonte: Fantástico

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Dia 10 de Outubro - Dia Mundial da Visão



No Brasil, existem mais de 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual, sendo 582 mil cegas e 6 milhões com baixa visão, segundo dados do Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É com a preocupação de evitar que essa situação piore que se comemora hoje (11) no país o Dia Mundial da Visão, principal ação do Programa Visão 2020: O Direito à Visão, iniciativa conjunta da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira (IAPB). A data é sempre na segunda quinta-feira de outubro.

O objetivo do programa é eliminar a cegueira evitável em todo o mundo até o ano 2020. Isso porque até 80% dos casos de cegueira resultam de causas previsíveis e/ou tratáveis, mas a cada cinco segundos uma pessoa fica cega no mundo e uma criança perde a visão a cada minuto. São 285 milhões de pessoas no mundo vivendo com baixa visão ou cegueira. Desses, 39 milhões são cegas e 246 milhões têm moderada ou grave deficiência visual.

De acordo com o presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), Marco Antônio Rey Faria, campanhas como a do Dia Mundial da Visão são importantes para conscientizar a população sobre a necessidade de acompanhamento médico especializado, para evitar que os problemas dos olhos se agravem e acabem resultando em cegueira, que poderia ser evitada em cerca de 80% dos casos.

Segundo o médico, muitas doenças relacionadas à visão não apresentam sintomas e, quando descobertas, já estão em estágio bastante avançado e de difícil regressão. “É o caso do glaucoma, a maior causa de cegueira no mundo, sendo que, no Brasil, mais de 1 milhão de pessoas são portadoras da doença”, informa Rey Faria.

O glaucoma se caracteriza pelo aumento da pressão intraocultar – explica o presidente do CBO – que leva a uma atrofia progressiva do nervo ótico, se não controlada, e compromete o campo de visão do paciente. “Na fase final, é como se ele estivesse olhando apenas por um buraco de fechadura”, explica o médico.

Apesar da gravidade, hoje o glaucoma pode ser tratado com sucesso, tanto com drogas como por meio de laser e cirurgias até de implante de válvulas na região afetada. O mesmo ocorre com outras doenças oculares, segundo o médico, pois “a medicina está muito evoluída e, com as técnicas atuais, a imensa maioria das doenças oftalmológicas é facilmente tratada quando descoberta prematuramente”.



Fonte: Uol

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Invisibilidades

Rede SACI
11/10/2012
Artigo de Marta Gil


Comentário SACI: (*) Marta Gil: Socióloga, consultora na área da Deficiência, coordenadora do Amankay Instituto de Estudos e Pesquisas, Fellow da Ashoka Empreendedores Sociais, colaboradora do SENAI-SP e do Planeta Educação. Foi uma das criadoras da Rede SACI e sua gerente até 2006.


A “invisibilidade” na área da Deficiência já se tornou uma velha conhecida. As pessoas com deficiência a sentem na pele, nas mais diversas situações; os que estão perto delas ou trabalham na área têm muitas histórias dela para contar.

Para Harry Potter e seus amigos, a invisibilidade trazia vantagens e, portanto, era desejável: com a capa mágica, podiam se aventurar, descobrir segredos e identificar vilões. A capa os protegia, dava acesso a informações preciosas ou mesmo favorecia escapadelas.

Não é esse o caso das pessoas com deficiência. Porém, já que repetimos tantas vezes essa afirmação e até comprovamos sua ocorrência, vale a pena refletir sobre isso.

Mas, por que usar o plural?
Porque acho que há dois tipos de invisibilidade.

A nossa velha conhecida é aquela que ignora as características das pessoas com deficiência, camuflando-as com frases como “Para mim, todos são iguais”; “O que me interessa são pessoas”; “Trato todos do mesmo jeito” ou variações parecidas. Essas frases, que aparentemente traduzem sentimentos louváveis, podem esconder um perigo, embora as intenções de quem fala sejam as melhores e as mais nobres possíveis.

Perigo? Como assim?
Ele reside na não consideração de características que fazem parte da natureza da pessoa com deficiência. Se os traços diferenciais são “pasteurizados” em nome desta igualdade que não respeita a diversidade – ao contrário, passa um trator sobre ela - então essas características ficam, sim, “invisíveis”. Resultado: escolas (e demais espaços sociais) não têm materiais em braile, em português simplificado ou com audiodescrição; surdos não têm intérpretes de Libras; rampas, elevadores, softwares, pisos podotáteis nem são contemplados em orçamentos, etc., etc.
Como alerta Reinaldo Bulgarelli: As pessoas não são “alminhas vagando por aí”; têm corpos, características, desejos e necessidades, que formam sua identidade. Quando esta não é sequer considerada em nome de uma suposta “igualdade”, elas se tornam “invisíveis” porque algumas de suas características são solenemente ignoradas. Aí, a presença nos espaços sociais se torna difícil ou até mesmo inviável, para muitas. Isso explica porque nem sempre são vistas por nós.

Esse tipo de invisibilidade deve ser combatido, sempre. A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, que o Brasil ratificou com equivalência constitucional é o instrumento mais potente que dispomos para garantir a visibilidade. A Convenção traz um novo olhar, tendo como base os Direitos Humanos. Um de seus pilares é a Acessibilidade, em todos os significados do termo. A ausência de acessibilidade configura discriminação – e discriminar é crime. Simples assim.

Ana Paula Crosara, que tinha uma deficiência física, costumava dizer que esperava o dia em que entrar e sair de um carro fosse algo corriqueiro, deixando de ser “um espetáculo”, que atraía olhares curiosos.
Esse outro tipo de “invisibilidade” é desejável, pois vem da naturalidade: indica que as condições para que as pessoas com deficiência possam participar da sociedade estão asseguradas. Assim, elas podem “aparecer” e todos podemos conviver com tranquilidade, segurança e respeito.

A “invisibilidade desejável” beneficia a todos, porque considera a diversidade funcional de cada um. Ela cria um círculo virtuoso: ao olhar de frente o diferente, a sociedade inventa alternativas e busca soluções; à medida que a acessibilidade aumenta, mais pessoas entram na roda e a diferença passa a ser percebida e celebrada como parte da riqueza da Vida.
Para termos direitos iguais, nossas diferenças precisam ser vistas, reconhecidas e aceitas.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Olha como foi, meu filho!

05/10/2012
Artigo de Lívia Maria Villela de Mello Motta, em 'Bengala Legal'.
Jucilene, amiga de muitos anos, com a qual venho compartilhando muitas experiências e histórias, grande parte delas ligadas à audiodescrição, está grávida. E como toda gestante em seu pré-natal, foi fazer seu segundo ultrassom. Desde o começo da gravidez, que ela já vinha comentando que seria muito legal que eu fosse junto para fazer a audiodescrição do exame. “Nossa”, pensei, “preciso me preparar para isso…” E fui pesquisar na internet o que revelam os exames de ultrassom nas diversas semanas de gestação, tentando aprender a terminologia e conhecer as imagens para ganhar familiaridade com o tema.

Não consegui acompanhá-la no primeiro, mas neste, lá estava eu no meio dos dois, papai e mamãe, olhos grudados no monitor, tentando traduzir em palavras as imagens acinzentadas que iam sendo exibidas à medida que a médica, a Dra. Clarissa, passava o aparelho sobre a barriga besuntada de gel de Jucilene.

Comentei: "Ju, o que eu estou vendo agora não é exatamente o contorno do bebê, mas algumas bolhas de ar que se movimentam lentamente, parecendo flutuar."

Dra Clarissa foi explicando, com objetividade, cada imagem que aparecia no monitor e eu ia complementando com mais detalhes descritivos que pudessem dar a Jucilene e Sandro a possibilidade de construção da imagem mental do bebezinho, confortavelmente aninhado na barriga da mamãe. E todas as partes de seu corpinho flexionado foram sendo exibidas: a coluna vertebral curvada, o rostinho de perfil já com o nariz e boca delineados, os dedinhos das mãos fechados e um deles esticado como se estivesse a apontar, os órgãos do aparelho digestivo e urinário, os órgãos genitais que a Dra Clarissa descreveu como o casco de uma tartaruga, o coraçãozinho pulsando, os ossinhos dos braços e das pernas, o cérebro com canais finos compondo a massa encefálica.

Jucilene contou para Dra Clarissa o que é audiodescrição e sobre sua importância para as pessoas com deficiência visual. A médica explicou que já traduz as imagens mostradas no monitor para suas pacientes que enxergam, pois é mesmo difícil entender aquelas imagens ainda sem contornos definidos que não lembram formas humanas. Para as mamães com deficiência visual, mais alguns detalhes descritivos poderão fazer toda a diferença. Jucilene confirma isso em seu depoimento:

"Sou uma mamãe ansiosa por sentir em meus braços o frágil corpinho desse bebê que sinto a cada dia crescer e fortalecer dentro de mim. Este não é o primeiro filho, mas devo dizer que cada filho é único, cada gravidez tem suas particularidades. Me lembro como se fosse hoje ao fazer o primeiro ultrassom do Gianluca, que hoje tem 8 anos. Foi um momento mágico, saber que estava tudo bem, ouvir o pulsar do seu coraçãozinho. Mas confesso que seria bem interessante se tivesse um pouco mais de detalhes a cada exame. É fato que hoje temos muito mais recursos ao nosso alcance, pois se antes para gravar levávamos fita K7, imaginem o tamanho da evolução em levar hoje um DVD.

Agora que podemos usufruir deste maravilhoso recurso que é a audiodescrição, busco sempre fazer com que as pessoas me detalhem, contem o que estão vendo, mesmo que elas não façam a menor ideia num primeiro momento do que seja o recurso e sua importância para nós, pessoas com deficiência visual.

Neste período de minha gravidez, tenho conhecido muitas mamães na mesma situação que eu, que esperam ansiosas para dar a luz a mais um ser para este planeta. A única diferença é que elas enxergam e os papais também. O papai Sandro tem me acompanhado em todas as etapas desta gestação. Por isso, achei bem justo e válido convidar a nossa querida amiga para descrever este exame para nós. Transformar em palavras as imagens que ficam tão distantes aos nossos olhos. Eu ainda posso sentir o pesar da barriga, os chutes deste molequinho que se vira prá cá e prá lá dentro do meu útero. Quis tornar mais próximo do papai tudo o que acontece aqui dentro."

"Só posso dizer que mesmo ainda com os contornos cinzentos, foi uma experiência muito rica e diferente. Tenho muita sorte de ter ao meu lado pessoas tão especiais que dão ainda mais cor a este momento que para mim tem sido muito importante. Por isso, se você mamãe com deficiência visual for fazer estes exames de imagem, peça mais detalhes aos médicos. Explore sua imaginação e tenho certeza de que será o máximo. A audiodescrição não acontece apenas em teatros, cinemas ou em qualquer outro programa cultural, mas sim em tudo aquilo que não tiver palavras, mas que tenha importância para você. Faz parte do nosso dia-a-dia, afinal dizem que o mundo é visual."

O papai Sandro completa: "meus sentimentos no momento da audiodescrição foi de poder prestar mais atenção às informações técnicas passadas pela médica. Eu acho que o homem só tem mesmo noção quando pega o filho nos braços e começa a ouvir sua manha, seu choro e sua risada. Acredito que essa sensação dos primeiros 9 meses de gestação é única e somente a mulher consegue sentir e participar 100% desse momento e de suas sensações. Mas para mim isso não tira minha alegria e minha responsabilidade de participar desse momento. Acho que o homem tem que prever o que a mãe está sentindo e tentar ser o mais presente, carinhoso e atencioso do que nunca."

E essa tradução do visual para o verbal não restringe-se a futuras mamães com deficiência visual, mas estende-se também a pais que queiram acompanhar o pré-natal e o nascimento de seus bebês, a pacientes que são atendidos em hospitais ou consultórios, a pessoas que vão fazer exames em laboratórios, ou que são atendidas em clínicas de reabilitação e outros locais na área da saúde. Médicos, dentistas, fisioterapeutas e outros profissionais da saúde podem e devem introduzir mais informações descritivas em seus atendimentos a pessoas com deficiência visual, o que certamente irá informar e complementar o entendimento sobre o ambiente, instrumentos e procedimentos, baixando, com isso, a ansiedade e colaborando para um atendimento com mais qualidade, comunicação e interação. Uma atitude respeitosa que demonstra a preocupação com acessibilidade e inclusão.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

MEC: matrículas de alunos com deficiência sobem 933,6% em 10 anos

05/10/2012
Dado foi confirmado pelo Ministério em seu site e diz respeito ao intervalo de 2000 a 2010.

O Ministério da Educação (MEC) informou nesta segunda-feira, por meio de seu site, que a quantidade de matrículas de pessoas com deficiência na educação superior aumentou 933,6% entre 2000 e 2010. Estudantes com deficiência passaram de 2.173 no começo do período para 20.287 em 2010 - 6.884 na rede pública e 13.403 na particular. O número de instituições de educação superior que atendem alunos com deficiência mais que duplicou no período, ao passar de 1.180 no fim do século passado para 2.378 em 2010. Destas, 1.948 contam com estrutura de acessibilidade para os estudantes.

De acordo com o MEC, no orçamento de 2013, o governo federal vai destinar R$ 11 milhões a universidades federais para adequação de espaços físicos e material didático a estudantes com deficiência, por meio do programa Incluir.

O Incluir tem como objetivo promover ações para eliminar barreiras físicas, pedagógicas e de comunicação, a fim de assegurar o acesso e a permanência de pessoas com deficiência nas instituições públicas de ensino superior. Até 2011, o programa foi executado por meio de chamadas públicas. Desde 2012, os recursos são repassados diretamente às universidades, por meio dos núcleos de acessibilidade. O valor destinado a cada uma é proporcional ao número de alunos.

Entre 2013 e 2014, o governo afirma que vai abrir 27 cursos de letras com habilitação em língua brasileira de sinais (libras) nas universidades federais, uma em cada unidade da Federação. Segundo o MEC, o Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines) vai ofertar mais 12 cursos de educação bilíngue (português¿libras) a partir do próximo ano.

Para dar suporte de recursos humanos aos novos cursos nas universidades federais, será autorizada a abertura de 229 vagas de professores e 286 de técnicos administrativos. As ações fazem parte do eixo educação do Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência - Viver sem Limite, que envolve diversos ministérios para promover a inclusão, autonomia e direitos das pessoas com deficiência.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Vaga na universidade é apenas a 1ª batalha para quem tem deficiência

05/10/2012

Segundo relatos de candidatos com deficiência, as dificuldades começam antes mesmo de chegar aos locais dos exames que, muitas vezes, não oferecem a acessibilidade necessária.
Heloisa Cristaldo e Thais Leitão

A conquista de uma vaga em uma universidade pública é um sonho para muitos jovens brasileiros. Dominar o conteúdo exigido no vestibular, no entanto, pode não ser o principal desafio para que um aluno consiga ingressar em instituições de ensino superior. Segundo relatos de candidatos com deficiência, as dificuldades começam antes mesmo de chegar aos locais dos exames que, muitas vezes, não oferecem a acessibilidade necessária.

Outras barreiras podem estar embutidas nas próprias questões que os alunos devem resolver nas provas, como contou Maria das Graças Morais, 21 anos. A jovem, que tentou o vestibular da Universidade de Brasília (UnB) cinco vezes, coleciona relatos de problemas. "Em uma das provas, uma questão deveria ser feita com base na observação da figura de uma bicicleta. Por incrível que pareça, na prova adaptada para o braile não havia a descrição da figura e na prova do ledor, que nos ajuda a saber o que está sendo pedido, também não havia a figura para que ele pudesse descrever o que estava vendo. Como eu poderia fazer aquela questão?", questiona a jovem, que tem deficiência visual.

Dados do Censo da Educação Superior de 2010 apontam que em um universo de 6,3 milhões de estudantes matriculados em cursos de graduação, apenas 16.328 universitários são identificados como pessoas com deficiência. Desse número, 10.470 estão na rede privada. O dado mostra a realidade sobre a dificuldade de ingresso e permanência dos estudantes com deficiência no ensino superior no Brasil.

Ronan Alves Pereira é pai de Tomás Pereira, 20 anos, estudante cego do 5º semestre do curso de Letras e tradução em inglês da UnB. Ele também acredita que o filho foi prejudicado por condições inadequadas nas provas da universidade. Em uma das vezes, o rapaz, que nasceu cego, fez o vestibular da instituição e foram identificados erros de grafia em enunciados e de transcrição para o braile. "É uma situação muito grave encontrar uma cadeia química incompleta ou sinais trocados em equações matemáticas: no lugar do sinal de adição, o de subtração. O resultado nunca daria certo", conta Ronan.

No entendimento de Tomás, há precariedade no atendimento ao aluno com deficiência. "O atendimento ao aluno e à família das pessoas com deficiência é extremamente precário. Além disso, não há vontade política de tirar as barreiras. Os problemas são questionados, mas não temos solução. Nas respostas, a universidade é omissa, discriminadora", argumenta o estudante, que lamenta por muitos amigos com deficiência que não conseguiram entrar na universidade como ele.

"Identificamos várias divergências na prova, foram sucessivos recursos e uma longa jornada até conseguir entrar na faculdade. Há vários colegas que não têm oportunidade ou conhecimento dos recursos e ficam pelo caminho", destaca.

Depois de algumas tentativas, Tomás conseguiu entrar na universidade. Para garantir a vaga, contou com a ajuda do pai que checou item a item da prova tradicional com a prova aplicada ao filho, em braile. As dificuldades, no entanto, não acabaram. Ele teve de enfrentar a falta de estrutura para a locomoção dentro do campus. "Ir ao banheiro, por exemplo, é muito complicado, pois não há identificação nas portas. Outro problema é conseguir mesa para colocar o teclado de braile, que é grande e não cabe em uma mesa comum. Nem todos os professores se dispõem a compartilhar a sua própria mesa comigo", conta ele, que diariamente é obrigado a desviar de bebedores, cadeiras e outros obstáculos com auxílio de uma bengala. É ela que o ajuda a identificar, quando há piso tátil, o caminho para onde quer chegar.

Luiz Antônio Bichir Garcia, 25 anos, é calouro na UnB. Aluno do primeiro semestre de história, Garcia, que sofre de uma paralisia cerebral, precisa de estrutura adaptada para acompanhar as aulas. Ele é cadeirante, tem atrofia nas mãos, não lê e nem escreve. Conta com ajuda de sete tutores da universidade para gravar as aulas e os textos trabalhados pelos professores, além da locomoção pelo campus. O pai do jovem, Luis Antônio Garcia, que o acompanha diariamente, diz que a estrutura não é adequada, mas acredita que há uma preocupação da instituição em avançar.

"O campus tem muitos problemas para o deslocamento de cadeirantes. As calçadas são esburacadas, as rampas de acesso são muito íngremes e os banheiros não são adequados. Mas a universidade oferece certo apoio aos estudantes e estamos otimistas. Acreditamos que, aos poucos, as coisas vão melhorar", diz.

domingo, 7 de outubro de 2012

O Daltonismo e a Cegueira das Cores.


O que é Daltonismo.

Daltonismo é um distúrbio da visão que impede com que a pessoa consiga perceber a diferença entre algumas cores. É também conhecido comocegueira das cores e formalmente chamada de discromatopsia oudiscromopsia. A forma de daltonismo mais comum é a dificuldade de distinguir entre o verde e o vermelho. É um distúrbio de origem genética mas que pode ser causado por lesões nos olhos ou até mesmo no cérebro. Este problema é muito mais comum em homens do que mulheres e estima-se que cerca de 8% de toda a população mundial de homens são daltônicos.



Existem basicamente 3 variações de daltonismo: a deuteranopia, que é a dificuldade de enxergar cores verdes, a protanopia que é a dificuldade de enxergar cores vermelhas e atritanopia (mais rara) que é a dificuldade de enxergar cores azuis. Um dos métodos para se diagnosticar se você é ou não daltônico é através do teste de Ishihara, como na imagem que eu coloquei para ilustrar este texto. Se você que enxerga, mas não conseguiu ver o número 74 na imagem, basicamente você é daltônico. Existem outros métodos mas este é o mais famoso deles. Curiosamente, a maioria dos daltônicos não sabe que possuem este distúrbio da visão.


Caso você tenha enxergado o número 21, não fique sem confirmar esse diagnóstico com seu médico oftalmologista.

sábado, 6 de outubro de 2012

Olhos, Visão e Cegueira

Funcionamento do Olho.

A estrutura e o funcionamento do olho são complexos e fascinantes. O olho ajusta constantemente a quantidade de luz que deixa entrar, foca os objetos próximos e distantes e gera imagens contínuas que instantaneamente são transmitidas ao cérebro.
Estrutura e função.

A parte anterior da relativamente forte camada branca externa do olho (a esclerótica ou branco do olho) está coberta por uma fina membrana (a conjuntiva).

A luz entra pela córnea, uma cúpula transparente que se encontra sobre a superfície do olho. Além de atuar como uma camada protetora da parte frontal do olho, a córnea também ajuda a concentrar a luz sobre a retina, na parte posterior. Depois de passar pela córnea, a luz entra na pupila, uma zona negra que se encontra no meio da íris (a área circular e colorida do olho).

A íris controla a quantidade de luz que entra no olho, abrindo-se e fechando-se como a abertura da lente de uma câmara. A íris permite que entre mais luz quando o ambiente está escuro e deixa que entre menos quando há muita luz. O tamanho da pupila é controlado pelo esfíncter da pupila, um músculo que abre e fecha a íris.

Por trás da íris encontra-se o cristalino. Ao mudar de forma, o cristalino concentra luz na retina. Para que o olho foque os objetos próximos, um pequeno músculo chamado ciliar contrai-se, fazendo com que o cristalino aumente de espessura e, consequentemente, se torne mais forte. Para que o olho foque objetos distantes, o mesmo músculo relaxa, diminuindo a espessura do cristalino e, assim, tornando-o mais fraco.

Com o passar dos anos, o cristalino costuma tornar-se menos flexível, menos apto a aumentar a sua espessura e, em consequência, menos capaz de focar os objetos próximos, uma doença chamada presbiopia.
Interior do Olho.

A retina contém os nervos que recebem a luz e o fornecimento do sangue que os nutre. A parte mais sensível da retina é uma área pequena chamada mácula, que tem centenas de terminações nervosas muito próximas entre si. Uma alta densidade de terminações nervosas gera uma imagem visual exata, do mesmo modo que uma película de alta resolução contém células mais estreitamente unidas. Então, a retina converte a imagem em impulsos elétricos, que são transmitidos ao cérebro pelo nervo óptico.

O nervo óptico liga a retina ao cérebro, dividindo-se em dois. Metade das fibras deste nervo cruzam para o lado oposto no quiasma óptico, uma área que se encontra por baixo da zona mais frontal do cérebro. Os feixes de fibras nervosas unem-se depois, uma vez mais, precisamente antes de chegarem à parte posterior do cérebro, lugar onde se recebe e se interpreta a visão.

O globo ocular divide-se em dois segmentos, cada um dos quais contém líquido. O segmento frontal estende-se desde a córnea até ao cristalino. O segmento dorsal (posterior) estende-se desde o limite posterior do cristalino até à retina.

O segmento anterior contém um líquido chamado humor aquoso que nutre as suas estruturas internas; o segmento posterior contém uma substância gelatinosa chamada humor vítreo. Ambos os fluidos permitem que o globo ocular conserve a sua forma.
Músculos, Nervos e Vasos Sanguíneos.

São vários os músculos que, trabalhando em conjunto, movem os olhos. Cada músculo é estimulado por um nervo craniano específico. A órbita óssea, que protege o olho, também contém muitos outros nervos. Como já foi mencionado, o nervo óptico sai pela parte posterior do olho e transmite ao cérebro os impulsos nervosos criados na retina.

O nervo lacrimal estimula as glândulas lacrimais para que produzam lágrimas. Outros nervos transmitem sensações a outras partes do olho e estimulam os músculos da órbita.

A artéria oftálmica e a artéria retiniana fornecem sangue a cada olho, enquanto a veia oftálmica e a veia retiniana o escoam. Estes vasos sanguíneos entram e saem pela parte posterior do olho.
Partes Protetoras.

As estruturas que rodeiam o olho protegem-no, ao mesmo tempo que lhe permitem mover-se livremente em todas as direções. Estas estruturas protetoras existem porque o olho está constantemente exposto ao pó, ao vento, às bactérias, aos vírus, aos fungos e a outras substâncias potencialmente nocivas e, ao mesmo tempo, permitem-lhe permanecer suficientemente aberto para receber os raios de sol.

As órbitas são cavidades ósseas que contêm os globos oculares, os músculos, os nervos, os vasos sanguíneos, a gordura e as estruturas que produzem e drenam as lágrimas. As pálpebras, umas pregas finas de pele, cobrem os olhos. Fecham-se de forma rápida e reflexa para proteger o olho dos objetos estranhos, do vento, do pó e da luz muito intensa. Com o pestanejar, as pálpebras contribuem para espalhar líquido sobre a superfície dos olhos e, quando se fecham, ajudam a manter a superfície úmida. Sem a referida umidade, a córnea, que normalmente é transparente, pode secar, danificar-se e tornar-se opaca.
Estruturas que protegem o olho.

A superfície interna da pálpebra é uma fina membrana chamada conjuntiva, que se dobra para trás para cobrir a superfície do olho.

As pestanas são pêlos curtos que crescem no bordo da pálpebra e que ajudam a proteger o olho agindo como uma barreira. Pequenas glândulas situadas na extremidade da pálpebra segregam uma substância oleosa que melhora a película lacrimal e evita que as lágrimas se evaporem.

As glândulas lacrimais, situadas no extremo superior externo de cada olho, produzem a parte aquosa das lágrimas. As lágrimas circulam desde os olhos até o nariz, através dos dois canais nasolacrimais. Cada um deles tem aberturas na extremidade das pálpebras superiores e inferiores, e estão próximos do nariz. As lágrimas mantêm a superfície do olho úmida e limpa; além disso, retêm e arrastam pequenas partículas que entram no olho. Por outro lado, as lágrimas são ricas em anticorpos que ajudam a evitar as infecções.
Cegueira.

Tanto uma ferida como uma doença no olho podem afetar a visão. A clareza da visão denomina-se acuidade visual, que oscila entre a visão completa e a falta de visão. À medida que a acuidade diminui, a visão torna-se cada vez mais imprecisa. A acuidade mede-se normalmente por meio de uma escala que compara a visão de uma pessoa a 6 m de distância com a de alguém que tenha a acuidade máxima. Em consequência, uma pessoa que tenha uma visão de 20/20 vê objetos a 6 m de distância com completa nitidez, enquanto uma pessoa com uma visão de 20/200 vê a 6 m o que uma pessoa com acuidade máxima vê a 60 m.

Legalmente, a cegueira define-se como uma acuidade visual inferior a 20/200, inclusivamente depois de uma correção com óculos ou lentes de contacto. Muitas pessoas que são consideradas legalmente cegas podem distinguir formas e sombras, mas não os pormenores normais.

Por representar a perda de um dos sentidos mais úteis no relacionamento do homem com o mundo, a cegueira é considerada uma deficiência grave, que pode ser amenizada por tratamento médico e reeducação, além do uso de tecnologias assistivas.

Em termos gerais, a cegueira pode ser proveniente de quatro causas:
Doenças infecciosas (tracoma, sífilis);
Doenças sistêmicas (diabetes, arteriosclerose, nefrite, moléstias do sistema nervoso central, deficiências nutricionais graves);
Traumas oculares (pancadas, ação de ácidos);
Causas congênitas e outras (catarata, glaucoma, miopia).

Em qualquer processo, a visão das cores é a primeira sensação visual a ser comprometida e a última a ser recuperada.

Causas da Cegueira.

A cegueira pode surgir devido a qualquer das seguintes razões:
A luz não chega à retina.
Os raios de luz não se concentram corretamente sobre a retina.
A retina não pode receber normalmente os raios de luz.
Os impulsos nervosos da retina não são transmitidos ao cérebro normalmente.
O cérebro não pode interpretar a informação enviada pelo olho.

São várias as perturbações que podem causar estes problemas que degeneram em cegueira. Uma catarata pode bloquear a luz que entra no olho de tal forma que ela nunca chega à retina. Os erros de focagem (refração) em geral podem ser corrigidos com lentes que o médico receita, embora nem sempre esta correção se consiga por completo. O descolamento da retina e as perturbações hereditárias, como a retinose pigmentar podem afetar a capacidade da retina para recepcionar a luz. A diabetes ou a degenerescência macular também podem danificar a retina. As perturbações do sistema nervoso, como a esclerose múltipla ou um inadequado fornecimento de sangue, podem danificar o nervo óptico, que transmite impulsos ao cérebro. Os tumores em estruturas próximas do cérebro, como a glândula hipófise, também podem danificar o nervo. As áreas do cérebro que interpretam os impulsos nervosos podem ficar danificadas por ataques cerebrais repentinos, tumores ou outras doenças.

Causas Frequentes da Cegueira.
Catarata

A causa mais frequente.
Pode ser curada com cirurgia.
Infecção

A causa mais comum e evitável.
Diabetes

Uma das causas mais frequentes.
Evitável através do controle da doença.
O tratamento com laser atrasa a perda de visão.
Degenerescência macular.

Afeta a visão central, não a periférica.
Evitável e tratável em menos de 10% das pessoas.
Glaucoma.

Pode-se tratar muito bem.
Se for tratado a tempo, não deve conduzir à cegueira.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Cegueira: Mito e Realidade - Como é Ser Cego?


Existe um mito em torno da cegueira que portamos que faz dela um monstro que ela não é.

A cegueira não machuca, não dói, não limita tão radicalmente como pensam os que enxergam quando fecham os olhos por um minuto imaginando serem cegos, também não é doença. Acostuma-se com ela e o dia a dia é tão comum que esqueço da cegueira e acabo por ver do jeito que "vejo" sem lembrar que não é visão!

Depois de algum tempo de cegueira pode-se trabalhar, viver, ter todos os prazeres sexuais, emocionais e intelectuais que todos podem ter. Nosso problema não é tanto entre nós cegos e a cegueira e sim entre ela e a sociedade. Ficamos sempre por detrás de um muro que faz não nos enxergarem como somos em nossas diferenças e em nossas igualdades.

Quando percebo os limites dos outros, principalmente os de saúde, como eu mesmo os tenho, é que sinto com nitidez como a minha cegueira é o menor problema que possuo, se é que é problema! É uma diferença, um limite que dependendo de mim pode ser diminuído ou aumentado. Existem muitos cegos que descarregam como culpa da cegueira suas incompetências pessoais e educação desinformada.

Em verdade, nossa deficiência depende de quem a tem. Ela nos limita de fato, nos diferencia socialmente também, mas uma boa cabeça pode ultrapassar os obstáculos imaginários reduzindo-os aos reais, procurando superar as reservas sociais desnecessárias.

Fazemos um esforço maior, temos que aprender mais coisas, driblar muitas emoções de rejeição e baixa estima, superar o condicionado estigma de que somos incapacitados, criado geralmente por pessoas que nem cegos são para sabê-lo, apenas imaginam! Mas, com persistência, podemos alcançar um grau de emancipação e independência excelentes!

Vou acabar como comecei: existe um mito em torno da cegueira que portamos que faz dela um monstro que ela não é.

MAQ.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Cegueira é Sofrimento?


O meu nome é Rosângela. Também sou mãe da pequena Laura que tem deficiência visual.

O motivo de eu estar lhe enviando esta carta é por que estive na missa celebrada pelo senhor neste último dia 01 de dezembro ás 19h, e durante a sua homilia eu pude contar sua citação por três vezes a respeito do "sofrimento" do qual padecem os cegos e "coxos", estes últimos, provavelmente, deficientes físicos. Confesso que aquilo me inquietou profundamente, primeiro porque a minha filha não é bem o exemplo de uma pessoa que "sofre" e isso pode ser atestado por todas as pessoas que a conhecem e não só por mim; Segundo porque ter uma deficiência, seja ela visual, auditiva, física, mental, é apenas uma característica na vida de uma pessoa, uma característica marcante porque determina diferenças no modo como essa pessoa se relaciona com o mundo a sua volta, mas apenas uma diferença, como todas as outras menos aparentes que todos nós possuímos. E é fácil constatar que em nenhum momento deficiência significa sofrimento e que ausência de deficiência não significa garantia de felicidade.

Mas, a minha preocupação e inquietação é bem maior do que pode parecer, não estou ofendida ou magoada com suas palavras, porque infelizmente elas ainda fazem parte de um "pré" conceito que muitas pessoas possuem a respeito do que é ter uma deficiência. A minha preocupação é porque um Padre é um líder comunitário, é formador de opinião, é componente importante de uma Sociedade, através dele muitas idéias são disseminadas e foi justamente por meio de um Padre que eu ouvi o que de pior uma pessoa com deficiência pode escutar: a idéia de que a deficiência determina uma vida de sofrimento e, portanto, quem não há de ter pena de quem está sofrendo?

É essa a luta de quem tem uma deficiência: Ninguém precisa de piedade, todos precisam de oportunidade. Ter uma deficiência faz parte da vida daquela pessoa, da mesma forma que ser obeso, ser magro, ser branco, ser negro, ser destro ou não, etc, etc, etc. Quem somos nós para atribuir o tanto que há de felicidade ou infelicidade na vida de uma pessoa?

Padre, por favor , veja o que as catequistas estão ensinando para as nossas crianças a respeito do que há na Bíblia sobre cegos e demais deficiências, porque hoje a inclusão escolar é lei e está sendo colocada em prática e para que ela dê realmente certo é preciso que todos colaborem. Graças a Deus , todas as crianças irão poder estar juntas na escola como sempre deveriam ter estado, porque são apenas crianças. É isso que importa para elas.

Já pensou um coleguinha falar para aquele que não ouve, não enxerga ou não anda, que ele aprendeu na Bíblia que quem tem uma deficiência tem um sofrimento ? Como vamos conseguir que nossas crianças sejam diferentes de nós e que não aprendam o "pré conceito" que aprendemos, se a elas forem ensinadas as mesmas coisas?

Gostaria de lhe dizer que não podia deixar passar a oportunidade de transmitir essa informação para uma pessoa tão importante como um Padre na construção de uma Sociedade que todos nós desejamos melhorar.

Desde já, muito obrigada pela sua atenção.
Rosângela.

Rosângela escreveu pela filha mas, na verdade, por todos nós. O que seria de mim, com27 anos de cegueira nessa data, se tivesse levado uma vida de sofrimentos? Tenho todos os sofrimentos e alegrias que todas as pessoas, embora socialmente a maioria me veja como um sofredor. Se eu sofresse minha cegueira tal qual imaginam, não teria mais espaço por sofrer por algo de ruim que aconteça com minha família, no meu trabalho, com amigos, a vida do dia a dia que é cheia de dores e vitórias. Meu cotidiano tem todos os problemas de todo mundo, acrescido de minha deficiência, não pelo fato de eu não enxergar, mas por ser visto como um coitado por não fazê-lo. O sofrimento que podemos ter e superar aos poucos não é imposto por nossa cegueira, mas por aqueles que não são cegos e pensam que carregamos o sofrimento do mundo. No entanto... a vida é tão boa!

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

O Braille e o Jornalismo.


Quando penso naquele período de quase uma década em que trabalhei como repórter no então jornal de maior circulação da Paraíba, sinto como se houvesse ultrapassado uma convenção, uma fronteira; como se houvesse escalado um monte muito alto para perceber o mundo à minha volta por sobre uma estreita cúpula de pedra.

Só hoje tenho consciência do que fiz em todos aqueles anos em que datilografava os acontecimentos cotidianos da minha cidade, do meu país. Por baixo do texto objetivo, de parágrafos curtos, insinuava-se uma outra escrita, um outro texto, que dizia que cegueira e jornalismo não eram incompatíveis; uma outra gramática de relações em que dialogavam o Braille, a datilografia e a linguagem jornalística na construção dos furos de reportagem que então fui capaz de produzir.

Estávamos na década de oitenta e as redações eram ainda imensas salas atulhadas de mesas, caixotes de lixo, fumaça de cigarro e ruído intermitente das máquinas de datilografia, ruminando sílabas e palavras para os acontecimentos do mundo lá fora. Páginas do dia seguinte, a desfolharem-se sob os olhos ora ávidos, ora quase desatentos dos leitores de então. Páginas e páginas manchadas de tinta que se quer falavam da reportagem inédita que se desdobrava no íntimo da minha consciência, inédita reportagem da qual nunca falara até o momento em que me pus a escrever este artigo.

Por dias a fio, enquanto perseguia o alimento primordial do jornalismo, enfatizando o excesso, a falha, o diferente, o desvio, enquanto me aprimorava na técnica de selecionar o fato mais chamativo para a linha de frente de cada matéria redigida, não me dava conta do tamanho do desafio a que me propusera, não me dava conta de que eu era o próprio desvio, num mundo em que cegueira e visualidade eram eminentemente excludentes, um mundo em que o exercício do jornalismo era sobretudo um testemunho do olhar.

Muita coisa aconteceu naqueles meus anos de jornalismo, escrita invisível de um texto inédito que se reproduzia por baixo da notícia cotidiana, reportagem nunca publicada mas propositura de uma assinatura nova para o diálogo que então se estabelecia entre cegueira, jornalismo e os modos dos quais eu dispunha para transcrever o mundo à minha volta. Houve pois reportagens e entrevistas inesquecíveis. Situações inusitadas que ficariam muito bem em um livro de aventuras ou numa obra auto-biográfica.

De todos esses acontecimentos, porém, sobressai-se um aparentemente insignificante, forjado numa límpida e tranquila manhã de sábado. Um acontecimento aparentemente insignificante - volto a frisar - mas que por si só exibiu toda a problemática da cegueira, com suas especificidades e sua profunda estranheza perante os olhos do mundo.

Sábado. O dia trazia alívio antecipado, vontade de abandono das notícias rotineiras, da crônica das queixas de faltas e carecimentos, desejo de transitar por entre as árvores, a fiscalizar a devastação dos homens ou perseguir uma cena romântica de lavadeiras a cantar em algum rio em que uma escritura da poluição pudesse ser denunciada nas páginas do domingo. Os repórteres da geral já tinham ido pois às suas caçadas. A redação pulsava quase tranquilidade, quando a pesada porta de vidro deu passagem a um homem idoso, a preocupação estampada na voz com que se dirigiu ao chefe de reportagem.

Queria fazer uma denúncia sobre problemas de terra e como eu estava no plantão, ele foi encaminhado à minha mesa.Começou seu relato sem se quer olhar para mim. Eu anotava freneticamente na minha reglete, compondo em Braille, uma síntese da sua zanga. Na fala, que eu guiava para o aprontamento da notícia, com indagações, confirmações e pausas, aquele homem entregava-me suas esperanças, seu desabafo, a vontade de ver publicada mais do que uma história de desentendimento por terras, o desejo de que o recorte midiático dessa etapa da sua vida confirmasse, no mundo escrito do texto jornalístico, a marca da sua honra.

Quando o relato acabou, preparei-me para datilografar o texto. Foi quando o homem percebeu a folha de papel em Braille que eu estendera sobre a mesa, ao lado da máquina de datilografia. Com uma perplexidade nova na voz, ele agora me entrevistava:

-- O que é isso? O que você está fazendo?

Eu poderia ter me investido da autoridade de repórter. Poderia lhe dizer que se fosse embora e comprasse o jornal no dia seguinte para saber. Na pergunta daquele homem, porém, mais do que perplexidade e espanto havia o receio de haver perdido tudo o que me dera. O medo pânico de ver sua contenda ir-se pelo ralo, assim como a sua honra. Foi por isso que não transigi. Foi por isso que me igualei ao homem e lhe dei as explicações que me pedia:

-- Isto são minhas anotações para redigir a sua denúncia, disse-lhe com calma, evitando pronunciar a palavra Braille.

O homem fixou o relevo pontilhado no papel em branco, ávido por descobrir ali alguma letra sua conhecida e num último esforço objetou:

-- Mas não tem nada escrito nesse papel".

Chegara pois o momento crucial. Era a hora do confronto entre um mundo cristalizado que pensava a cegueira como incapacidade absoluta e a realidade, que numa redação de jornal uma repórter cobria o desafio diário de enfrentar esse mesmo mundo sob a moldura da sua cegueira:

-- Eu sou cega. Isto é o modo como eu escrevo, Isto é o Braille".

A máquina solitária do editor de cultura datilografou um ponto final. Ele havia acabado de fechar a página de domingo. A sala ficou por longos instantes sob a cúpula de um silêncio pesado. À minha frente vibrava o coração de um homem que temia pelo futuro da sua denúncia, transformada em pontos incompreensíveis.

E foi somente quando comecei a datilografar o relato, com a mão esquerda a consultar de vez em quando as anotações em Braille, para regressar ao teclado da máquina de datilografia comum, foi somente depois que a vista cansada do homem começou a desvendar por sobre a folha manchada de tinta, mas com letras reconhecíveis, as palavras de sua denúncia agora organizadas em texto jornalístico, foi somente naquele momento que ele decidiu abandonar a minha mesa de trabalho, dirigindo um olhar ainda aflito ao chefe de reportagem, onde se podia ler um apelo para que aquela nota, escrita por mim, pudesse mesmo ser publicada.

Falar agora daquele episódio fez com que, do armazém das lembranças da minha meninice, emergisse um cordel inteiro de coisas acontecidas na minha cidade natal. Como chusmas de pássaros do campo, outros episódios parecidos com aquele ainda vivem como lembranças corriqueiras no fundo dos dias da minha infância. Todos os anos, ao fim do semestre letivo, íamos para as férias em casa dos meus pais, que viviam no alto sertão de Pernambuco. Uma singularidade que envolvia minha família (pelo menos seis dos meus treze irmãos haviam nascido cegos como eu), atraía uma verdadeira romaria de camponeses à nossa casa nos dias de descanso.

Naqueles dias, os rostos incrédulos dos camponeses perfuravam as folhas do Braille que meus pais pediam que lêssemos para eles, à procura de um entendimento que fosse para aquele estranho ritual de mãos caminhando sobre a superfície do papel, ao modo das máquinas de cultivar a terra, desvendando sulcos e sulcos de uma escrita incomum. Quantas vezes os camponeses incrédulos não pediam que um de nós saísse, para que pudesse ditar para um outro uma frase que depois o ausente teria que decifrar!!!

Que estranha escrita é essa que percute uma música composta por sons secos e ritmados nas mesas de escola, nas reuniões de trabalho, desafiando o silêncio e fazendo com que olhares perplexos e inquisidores ergam-se até o local de onde ela vem,a pedir uma explicação, a reproduzir os antigos gestos e expressões que a visualidade sempre dedicou à cegueira, a inquirir o cego que escreve com voz ora aflita, ora resoluta, "O que é isso? O que é que você está fazendo"?

Quantas vezes o próprio Louis Braille, inventor desse código fantástico, não teria ouvido a mesma pergunta, sob entonações as mais diversas! E que resposta apropriada ele não teria dado se dissesse:

"Estão ouvindo? Estou batendo na porta do mundo da cultura. Estou pedindo passagem para me instalar como habitante competente no mundo das coletividades letradas. Sou cego. Minha escrita é estranha conformação de linhas pontilhadas. Estou cavando o solo das palavras, para que vocês me vejam e se apercebam de como eu vejo o mundo"!

Porque é certo que Luís Braille, ao inventar esse pequeno filete de seis pontos justapostos, apto a gerar 63 combinações para a representação das letras do alfabeto latino, inventou a chave dentada mais poderosa para abrir o mundo da cultura aos indivíduos cegos.

É certo que a partir desses seis pontos justapostos ele instaurou no mundo a palavra fundadora para o reconhecimento da máxima filosófica, metafísica, antropológica, de que a cegueira é uma forma de visão Por baixo da escrita pontilhada de livros e livros em Braille guardados nas bibliotecas; por entre as linhas das folhas e folhas de papel que trabalhadores cegos produzem nos mais variados campos profissionais; por entre os dedos do poeta cego, que sobrevoa as linhas da sua poesia escrita em Braille, persiste um texto singular, narrativa construída da história da inserção desses indivíduos num mundo que ainda não conseguiu desvencilhar-se dos seus antigos valores e que ainda fita com perplexidade o escritor/leitor da escritura pontográfica.

Notícias indiscutíveis de tal perplexidade ainda podem ser testemunhadas em pleno século XXI. No balcão da farmácia, no caixa do supermercado, vendedores apresentam ao consumidor cego produtos em cujas embalagens alinha-se um pequeno grupo de linhas pontilhadas. A antiga pergunta insinua-se carregada de expectativa: "O que é isso"? E novamente o gesto fundador que concedeu ao cego o seu ingresso na comunidade usuária dos signos de escrita se realiza ali, perante um perplexo vendedor que só pode explicar aquilo como um milagre, como um ritual de "adivinhação" que conforme imaginavam os antigos, ele julga estar sendo encenado pelo leitor cego, aos seus olhos, um ente quase divino.

E quando as tecnologias de informática com seus softwares de voz, aliadas a cifras desalentadoras quanto ao uso do Braille por crianças, adolescentes e jovens cegos, desenham no campo do debate tiflológico a pergunta sobre se o Braille será ou não substituído pelos computadores, a nossa resposta só pode ser firmada em relevo, em grandes letras pontilhadas, a desenharem um NÃO.


terça-feira, 2 de outubro de 2012

Cego quer criar celular com tela de toque para quem não vê

18/01/2009 - The New York Times.

Biografia de T. V. Raman.

O cientista T.V. Raman foi uma criança estudiosa, que desenvolveu uma paixão por matemática e quebra-cabeças ainda bem pequeno. A paixão não mudou quando um glaucoma o cegou aos 14 anos. O que mudou foi o papel que a tecnologia - e suas próprias inovações - desempenhou na busca de seus interesses. Raman, que dependia de voluntários para ler enquanto estudava numa universidade técnica de seu país de origem, Índia, passou a levar uma vida autônoma no Vale do Silício, onde é um cientista da computação e engenheiro do Google altamente respeitado. Agora, aos 43 anos, trabalha para modificar a última tecnologia que, segundo ele, pode tornar a vida dos cegos mais fácil: um telefone touch-screen.

Para Todos.

Algumas inovações de Raman podem ajudar a tornar invenções eletrônicas e serviços da web mais amigáveis para todo mundo. Em vez de perguntar como algo funciona caso a pessoa não enxergue, ele prefere perguntar: "como isso funciona quando o usuário não está olhando para a tela?"

Tais sistemas podem ser úteis para motoristas ou qualquer um que possa se beneficiar de um acesso não-visual ao telefone. Eles também podem atrair a geração de meia-idade, cuja perda de visão enquanto envelhecem não a impede de querer continuar usando a tecnologia da qual passaram a depender.

A abordagem de Raman reflete um reconhecimento de que muitas das inovações desenvolvidas primordialmente para pessoas com deficiência acabaram beneficiando um público mais amplo, disse Larry Goldberg, que supervisiona o Centro Nacional de Mídia Acessível da WGBH, estação de rádio pública de Boston.
O Celular Touch-Screen Acessível.

Sem botões para guiar os dedos em sua superfície vítrea, o celular touch-screen pode parecer um belo desafio. Mas Raman disse que, com os ajustes certos, os celulares touch-screen - muitos já equipados com tecnologia GPS e bússola - podem ajudar os cegos a navegar pelo mundo. "Não é difícil entender que seu telefone pode dizer, 'ande reto e em 60 metros você chegará à intersecção de X com Y,'" disse Raman. "Isso é completamente factível."
Tecnologias Devem Ser Antecipadamente Projetadas com Acessibilidade.

Os obstáculos na internet têm muitas formas. Uma comum é o Captcha, um recurso de segurança que consiste em uma sequência de letras e números distorcidos que os usuários devem ler e digitar antes de se registrarem para um novo serviço ou enviar e-mail. Poucos sites oferecem um Captcha sonoro. Algumas páginas são apenas mal projetadas, como sites de comércio eletrônico em que o botão para checar sua compra é uma imagem sem nada escrito, o que impede dispositivos leitores de tela de encontrá-lo.

"A vasta maioria da indústria realmente não avançou para oferecer à comunidade cega acesso igualitário a seus produtos," disse Eric Bridges, diretor de mobilização e relações governamentais do Conselho Americano para Cegos. Bridges e outros grupos de interesse defendem que a acessibilidade deveria estar inserida nas novas tecnologias, não pensada depois como complemento.
No Google

Pessoas com outras deficiências enfrentam desafios similares na internet. "Para os surdos, a frustração é grande por causa dos muitos vídeos sem legenda," disse Goldberg. Raman, que antes de se juntar ao Google em 2005 trabalhou na Adobe Systems e como pesquisador na IBM, está intimamente familiarizado com problemas de acessibilidade, tanto pessoal quanto profissionalmente.

Em 2006, ele desenvolveu uma versão do mecanismo de busca do Google que dá leve preferência a sites que funcionem bem com leitores de tela. O sistema precisou testar milhões de páginas da web. "Não se achava uma única que satisfazia totalmente as necessidades da acessibilidade," disse Raman. Mesmo assim, o sistema pôde detectar quais páginas funcionavam razoavelmente bem com os leitores de tela. O serviço não está tão difundido quanto ele esperava. Mas causou impacto. Diversos desenvolvedores de web sites cujas páginas não apareciam em destaque nos resultados do Google perguntaram a Raman como poderiam consertá-las para conseguir melhor posição.

Recentemente, Raman trabalhava em um artigo científico sobre o futuro da estrutura da internet. O monitor estava sobre a escrivaninha. Ele geralmente fica desligado, a não ser que Raman queira mostrar a um colega ou visitante no que está trabalhando. Ele digitava no teclado, a cabeça levemente inclinada escutando o leitor de tela por um par de fones de ouvido sem fio. O leitor está calibrado para falar com quase o triplo da velocidade de uma voz normal. Para o ouvido destreinado, o resultado é incompreensível, mas é isso que permite Raman "ler" praticamente na mesma velocidade de uma pessoa com visão.

Ele divide o espaço de trabalho no Google com Charles Chen, um engenheiro de 25 anos, e Hubbell, seu cão-guia. (Hubbell possui seu próprio site.) Chen, que enxerga, desenvolveu um leitor de telas gratuito para páginas da internet que funciona no navegador Firefox. Trabalhando em conjunto, os dois recentemente (2005) acrescentaram atalhos no teclado que ajudam cegos e usuários de visão limitada a navegar mais rápido pelos resultados do Google.

O Mundo Portátil.

Agora, a dupla se dedica aos celulares touch-screen. "As coisas nas quais tenho mais interesse são as que estão migrando para o mundo portátil, porque é uma grande mudança na vida das pessoas," disse Raman.

Para mostrar seu progresso, Raman puxou do bolso da calça jeans seu T-Mobile G1, um celular touch-screen com o software Android do Google. Ele e Chen já o equiparam com um software cuja narração é bem parecida com a de um PC. Agora trabalham em formas que permitam cegos, ou qualquer um que não esteja olhando para a tela, inserir textos, números e comandos. Esse recurso complementaria os sistemas de reconhecimento de voz, que não são sempre confiáveis e não funcionam bem em ambientes barulhentos.

Como ele não pode apertar um botão específico na tela sensível, Raman criou um teclado que funciona a partir de posições relativas. Ele interpreta o primeiro toque em qualquer lugar na tela como um 5, o centro de um teclado numérico normal de telefone. Para discar qualquer outro número, ele simplesmente desliza o dedo em sua direção - acima à esquerda para o 1, abaixo à direita para o 9 e assim por diante. Se comete um erro, pode apagar um dígito simplesmente balançando o telefone, que detecta movimento.

A dupla testa diversos outros mecanismos de entrada de dados. Nenhuma dessas tecnologias está no mercado, mas Raman, que já usa o G1 como seu principal celular, espera em breve torná-las disponíveis gratuitamente. (Hoje, há poucos leitores de telas disponíveis para smartphones e eles costumam custar tanto quanto o próprio telefone.)
Sinais de Trânsito.

Segundo Raman, a mais revolucionária tecnologia móvel - um telefone que pode reconhecer e ler sinais de trânsito por meio de sua câmera - ainda está a alguns anos de distância. Certos dispositivos já conseguem ler textos dessa forma. Mas como os usuários cegos não sabem onde esses sinais estão, não podem apontar a câmera ou alinhá-la adequadamente, disse Raman.

Segundo ele, quando os chips se tornarem poderosos o suficiente, serão capazes de detectar a localização do sinal e lê-lo mesmo distorcido. "Vai acontecer," disse. E quando acontecer, também vai beneficiar os usuários que enxergam. "Se você tem uma tecnologia que reconhece um sinal de trânsito enquanto você dirige, isso ajuda a todos," disse. "Em um país estrangeiro, irá traduzi-lo."

"Existem problemas interessantes a serem resolvidos na área".

Raman acredita que o maior impacto vai acontecer quando ele convencer outros engenheiros a tornar seus produtos acessíveis - ou, melhor ainda, quando convencê-los de que existem problemas interessantes a serem resolvidos na área. "Se eu conseguir outros dez engenheiros motivados a trabalhar com acessibilidade," disse, "será um ganho imenso."

Tradução: Amy Traduções.
Atualização: Touch para quem não vê - IPHONE.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Pessoa com deficiência visual já pode identificar cores de objetos e cédulas

Dois jovens engenheiros da Escola Politécnica da USP criaram equipamento para identificação de cores e de notas de real para pessoas com deficiência visual a preço acessível, na faixa de R$ 100 a R$ 200. Hoje, o que existe no mercado brasileiro é importado e custa de R$ 600 a 1,2 mil e só identifica cor; dinheiro, não. A informação é de Nathalia Sautchuk Patricio e Fernando de Oliveira Gil, formados na Poli em Ciência da Computação e cursando mestrado.

Eles esperam começar a produzir o aparelho em escala comercial até o final do ano. Antes, Fernando irá aos Estados Unidos, no mês que vem, para participar de um curso de dez semanas no Unreasonable Institute, em Boulder, no Estado do Colorado. Lá, vai aprender técnicas de negócio, marketing, administração e outros temas empresariais. No final, os participantes terão contato direto com 200 investidores. Após 40 dias de campanha on-line na internet, apoio da imprensa (viraram matéria na CNT e na Folha de S. Paulo) e dos amigos, a dupla conseguiu arrecadar US$ 6,5 mil para Fernando freqüentar o curso em Boulder. Agora, a empresa que ambos criaram é uma Unresonable Fellow.

A entidade norte-americana é especializada no estímulo a projetos sociais de impacto, que objetivam melhorar a vida das pessoas e do meio ambiente. Nathalia e Fernando resolveram apresentar a idéia para concorrer à bolsa, bem como a empreendedores de todo o mundo. Participaram 284 pessoas de 45 países de cinco continentes. Dos 25 ganhadores, o identificador de cores da dupla ficou em sétimo lugar. Fernando já arruma as malas rumo ao Colorado, pois o curso só admite uma pessoa por projeto. Informa que a entidade norte-americana estabelece três requisitos básicos para o participante cumprir depois do curso. Em um ano, o projeto tem de ser autossustentável (caminhar sozinho, sem ajuda), a capacidade de produção deve beneficiar um milhão de pessoas, pelo menos, e condições de exportação para o equipamento num prazo de três anos.

Auto-estima melhor – O aparelho foi batizado de Auire, mesmo nome da empresa informal que criaram. A palavra indígena significa uma saudação ("olá") da tribo Javaés, de Tocantins, onde Fernando esteve num trabalho comunitário pela Poli. Atualmente, o Auire é pouco maior que um maço de cigarros, mas Nathalia assegura que com novas tecnologias a tendência é ficar ainda menor, como os celulares com bateria e fone de ouvido, para que a pessoa o utilize commais comodidade. Por enquanto, eles só têm dois protótipos. Não ver cores e não saber o valor da cédula é um dos maiores transtornos da pessoa com deficiência visual. Fernandocomenta que muitas delas, principalmente aquela que um dia já enxergou, deseja escolher a cor da roupa, do móvel, equipamento, celular, carro, etc. “O fato de poder combinar cores da roupa que vai vestir, por exemplo, aumenta a auto-estima”, reitera Fernando. Quanto ao dinheiro, o identificador evita que a pessoa seja enganada. O Auire reconhece 16 cores, por enquanto, e notas de R$ 2 a R$ 100. O aviso é sonoro, por meio de voz, gravada pela própria Nathalia.

Para fazer o equipamento em escala comercial, eles pretendem associar-se a uma indústria eletrônica e terceirizar a produção ou instalar a Auire numa incubadora de empresas. “Quando eu voltar do curso nos Estados Unidos, teremos mais condições de selecionar a melhor alternativa para fabricar o aparelho no Brasil”, confia Fernando.

Futuros usuários – Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS/2009) mostram que 314 milhões de pessoas no mundo apresentam alguma deficiência visual e que 45 milhões delas são cegas. Além disso, 87% vivem em países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos, sendo 25 milhões só no Brasil. Já o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE/2009) registra que aproximadamente 29% dos brasileiros com problemas visuais (7,25 milhões) vivemcom menos de um salário mínimo por mês.


Otávio Nunes

domingo, 30 de setembro de 2012

O deficiente visual no Brasil

Segundo estimativa da Organização Mundial de Saúde, 1% da população do Brasil é formada por deficientes visuais, ou seja, 1,7 milhão de pessoas. No entanto, dados do Censo demográfico do ano 2000 apontam para números diferentes. De acordo com o estudo realizado pelo IBGE, há 11,8 milhões de brasileiros com deficiência visual, dos quais cerca de 160 mil possuem incapacidade total de enxergar.

O deficiente visual enfrenta inúmeros obstáculos em seu processo de inclusão na sociedade, sendo para eles ainda mais difícil o acesso à informação, educação, cultura e ao mercado de trabalho. Entre os fatores de exclusão social do deficiente visual, destaca-se a reduzida oferta de literatura em braile, que é o sistema de escrita e leitura que se adequa às suas necessidades.

sábado, 29 de setembro de 2012

Colete com GPS ajuda a guiar deficientes visuais

O protótipo do aparelho, chamado Point Locus, reconhece a voz do usuário e vibra para indicar a direção 


Tecnologia e design podem caminhar junto para facilitar a vida das pessoas. O Point Locus, um dispositivo portátil dedicado a orientação de deficientes visuais é um exemplo. 

Desenvolvido por designers canadenses, o colete usa a tecnologia do GPS para guiar e auxiliar a locomoção de pessoas que não enxergam. 

O protótipo do aparelho, criado por Stephanie Wiriahardja, Emily Chen, David Barter, Karen Truong e Kennett Kwok, conta com reconhecimento de voz, para que o usuário informe seu destino; e um sistema de vibração na parte da frente, costas e braços direito para indicar a direção a ser seguida.


sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Japão desenvolve “robô-guia” para cegos

Assim como o cão-guia, equipamento ajuda deficiente visual a se deslocar
por Redação Galileu


A empresa japonesa NSK em parceria com a University of Electro-Communications desenvolveu um “cão-robô” para guiar pessoas com deficiência visual.

O "cachorro" é ativado quando a pessoa pressiona a alça. Com esse sinal, o robô entende que o deficiente está pronto para seguir.

Durante o percurso, o robô fala com a pessoa, com uma voz computadorizada feminina, e dá detalhes sobre o ambiente e obstáculos.

A máquina consegue andar por superfícies planas e também por obstáculos. Ele é capaz, por exemplo, de subir e descer escadas.

A expectativa é que novas versões do equipamento tenham comando de voz e também GPS para uma navegação melhor.



Veja o vídeo:


quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Os cegos sonham?





          A pergunta vem de uma confusão: costumamos ter sonhos mais marcados por imagens, mas a ausência delas não significa o desaparecimento das histórias que criamos durante o sono. Em linhas gerais, funciona assim: o inconsciente recupera referências recentes (imagens, toques, vozes, sabores ou cheiros) e dá outro sentido a elas quando você dorme. Quem nasceu sem ver nada, não tem nenhuma imagem para ser recuperada, daí audição, tato e olfato aparecem mais fortes nas histórias. Se a pessoa ficou cega depois, a tendência é que, com o tempo, forme menos imagens ao dormir. E mesmo quem não tem problema de visão pode sonhar apenas com vozes ou cheiros (é raro, mas acontece).


quarta-feira, 26 de setembro de 2012

O surfista que impressionou o mundo ao dropar Pipeline completamente cego lança o trailer de seu longa.


A história do surfista capixaba Derek Rabelo é certamente uma das mais inspiradoras que você já ouviu. Há dois anos e meio, ele procurou uma escola de surf e entrou no mar com uma prancha pela primeira vez. Hoje, aos 19, domina com intimidade lajes pesadas da região, como Bin Laden e Underground.

Como se não bastasse o domínio nas ondas locais, Derek extrapolou e viajou para o Hawaii na última temporada, quando foi recebido e presenteado com uma prancha nova pelo local Makua Rothman, com quem fez uma queda em Pipeline. A grande diferença entre um surfista comum de Pipeline e Derek, é que o capixaba é cego desde que nasceu.

Atualmente, com sua vida voltada para o surf, Derek quer voltar para o Hawaii, além de viajar para conhecer outros lugares. O documentário Além da Visão, dirigido pelo fotógrafo Bruno Lemos, com uma mensagem legal, que encoraja as pessoas a viverem melhor independentemente de suas situações. A história de Derek é o fio condutor dessa mensagem.

fonte

terça-feira, 25 de setembro de 2012

3º Torneio de Dominó para deficientes visuais

3º Torneio de Dominó para deficientes visuais Nesta terça-feira, 25 de setembro, a partir das 13h, a Biblioteca Pública do Paraná promove 3º Torneio de Dominó para deficientes visuais. Realizado pela Seção Braille, em parceria com a Seção Infantil da Divisão de Coleções Especiais da BPP, o evento contará com a presença dos quase 50 inscritos. A arbitragem fica por conta do professor de dominó Ederni Marques da Silva. Essa é a terceira edição do torneio. A atividade dá continuidade às atividades desenvolvidas pela Seção Infantil que, no mês de julho, movimentou a BPP trazendo dezenas de crianças para o 11º Torneio de Xadrez. Serviço: III Torneio de Dominó para deficientes visuais Data: 25 de setembro Horário: 13h Local: Segundo andar da Biblioteca Pública do Paraná. Fonte: BPP

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Programa imprime fotos táteis, que cegos podem 'ver'

Em um mundo cercado de imagens, muitas delas apenas na tela do computador, quem não consegue enxergar acaba perdendo uma grande parte da experiência sensorial do mundo que o cerca. Existem algumas tecnologias para ampliar o acesso dos deficientes visuais aos meios eletrônicos, mas quando se trata de fotografia, os avanços são tímidos.
 
 
 


Inspirado por um pesquisador deficiente visual que se queixava da falta de informações gráficas, o pesquisador Baoxin Li, da Universidade do Estado do Arizona, nos Estados Unidos, iniciou seu trabalho no desenvolvimento de um programa que transforma fotografias comuns em imagens que podem ser "vistas" por deficientes visuais.
O programa usa um algoritmo que captura as linhas essenciais para a percepção de um rosto e forma uma imagem que pode ser impressa em alto relevo. O software não traduz todas as expressões em relevo, porque tornaria a imagem poluída demais, ele seleciona apenas as linhas de maior relevância para a compreensão do rosto. A foto pode passar para o papel por meio de uma impressora tátil em cerca de um minuto.

Por enquanto, os programa só transforma fotografia de rosto, mas os pesquisadores esperam desenvolver em breve uma forma de fazer mapas em alto relevo. As impressoras táteis normalmente existem apenas em instituições especializadas em deficientes visuais. Mas Li disse ao
Discovery News que logo as fotografias que passarem por seu programa poderão ser sentidas por cegos usando gadgets que permitirão sensações táteis. 



fonte: http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI211964-17770,00-PROGRAMA+FAZ+FOTOS+QUE+CEGOS+PODEM+VER.html